19 de setembro de 2014

Caso Ana Alice: dois anos após o crime, família ainda aguarda julgamento dos culpados

Nesta sexta-feira, 19 de setembro, dois anos após o crime que vitimou a jovem agricultora de 16 anos, Ana Alice de Macedo Valentin, do município de Queimadas, Agreste Paraibano, sua família e seus amigos ainda aguardam o julgamento do culpado, Leônio Barbosa de Arruda, preso no final de 2012.

Ana Alice era militante do Polo da Borborema e no dia 19 de setembro de 2012, quando voltava da escola, foi sequestrada e barbaramente violentada. Seu corpo foi enterrado na Zona Rural do município de Caturité, só sendo encontrado 50 dias após o crime. Desde o desaparecimento da jovem, foi formado o Comitê de Solidariedade e pelo Fim da Violência Contra a Mulher Ana Alice, composto por mais de 30 organizações rurais e urbanas. Foi por meio da pressão e da mobilização criada em torno do Comitê, que o caso Ana Alice pode ser investigado e solucionado, com a prisão dos envolvidos. O mentor e mais um adolescente, que teve participação no crime, está respondendo a processo para apuração de ato infracional.

Segundo Claudionor Vital, um dos advogados da família de Ana Alice que acompanha o caso, o processo criminal está aguardando a sentença de pronúncia por parte do juiz Antonio Gonçalves Ribeiro Junior, da 1ª Vara Mista de Queimadas, a quem cabe a condução dos processos para apuração dos crimes de competência do Tribunal do Júri. “Pelas provas existentes, estamos confiantes que o réu seja pronunciado e submetido ao Júri Popular”, afirma o advogado.

Entre os familiares, a expectativa é que o réu receba uma punição exemplar: “Esperamos que ele receba a pena máxima, até porque a gente precisa disso para se sentir segura e também para servir de exemplo para outros marginais. Infelizmente o que aconteceu com Ana Alice já aconteceu, mas a gente pode evitar que aconteça com outras mulheres”, desabafou Angineide Macedo, mãe de Ana Alice.

Em 2013, uma mobilização que reuniu mais de 300 pessoas em Queimadas, lembrou o assassinato da jovem. O objetivo foi o de chamar a atenção da sociedade para a necessidade de medidas pelo fim da impunidade dos crimes de violência contra a mulher. Foi feita uma caminhada com uma parada em frente ao Fórum da Comarca do Município, onde estava sendo realizada uma das audiências do caso e no final, um ato público, no Centro da cidade. A este movimento se juntaram as famílias de Isabella Pajuçara e Michelle Domingues, as duas mulheres assassinadas em fevereiro de 2012, após o bárbaro estupro coletivo ocorrido também em Queimadas. No dia 25 de setembro, Eduardo dos Santos Pereira, acusado de planejar o crime e último envolvido a ser julgado, vai a Júri Popular na capital do estado, João Pessoa.

Uma mobilização como a de 2013 deve acontecer no dia 7 de novembro, data do sepultamento de Ana Alice e lembrando todas as mulheres vítimas de violência no estado. Neste dia 19 de setembro, às 19h, ocorrerá uma missa em memória de Ana Alice, na Capela da Comunidade Caixa D’água, celebrada pelo Padre Ivanilson, Pároco de Queimadas.

O caso - Ana Alice foi sequestrada quando voltava para casa depois da aula, sendo estuprada e violentamente assassinada pelo vaqueiro Leônio Barbosa de Arruda, à época com 21 anos. Seu corpo foi enterrado próximo a residência do assassino, na fazenda onde ele trabalhava, na zona rural do município de Caturité. A adolescente permaneceu desaparecida até que nas imediações de sua comunidade, uma nova mulher foi raptada e violentada, sendo encontrada apenas no dia seguinte com marcas de esganadura, inúmeras escoriações e amputação parcial da orelha direita. Ainda muito traumatizada, ela foi capaz de reconhecer o criminoso (e vizinho) e o denunciou à polícia com a ajuda do Comitê de Solidariedade Ana Alice. Graças ao empenho do Comitê e à coragem desta vítima, o assassino foi preso e confessou o crime contra sua vizinha e contra Ana Alice. Confessou inclusive que, no crime contra Ana Alice, não agiu sozinho, teve a ajuda de um cúmplice, à época, menor de idade.

Ana Alice e a outra mulher, não foram as únicas vítimas. No início de 2012, ao sair de um baile de carnaval, ele violentou uma jovem de Boqueirão. De posse de uma arma, obrigou que ela entrasse em seu carro e a estuprou. Um mês depois, após prestar depoimento do primeiro caso na delegacia desse município, tentou fazer nova vítima também em Boqueirão, agora uma adolescente de 14 anos que teve sorte diferente, quando um amigo a libertou da tentativa de estupro.

Fuga - O assassino encontra-se preso no Complexo Penitenciário de Segurança Máxima Romeu Gonçalves de Abrantes, mais conhecido como PB-1, em João Pessoa. Ele foi transferido para esta unidade prisional este ano depois de ter fugido do Presídio do Serrotão em Campina Grande, onde aguardava julgamento. 10 dias depois da fuga, e depois de muita pressão por parte do Comitê Ana Alice, o preso conseguiu ser recapturado, no mês de abril de 2014.

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