1 de junho de 2012

A voz da agricultura familiar no seminário sobre pesquisa e política de sementes.

Mais de 100 pessoas estiveram presentes na abertura do Seminário Pesquisa e Política de Sementes, ocorrido nesta quarta (30) no Convento dos Maristas, município de Lagoa Seca/PB. Durante a um momento místico inicial, agricultores e agricultoras representantes das diversas regiões da Paraíba colocaram em exposição, no centro do espaço, símbolos de sua cultura, sementes, plantas, frutos, conhecimento e artesanato.

A história do processo de fomentação de políticas públicas pautadas pela luta da agricultura familiar, foi o tema da apresentação de Luciano Marçal (representante da AS-PTA e da ASA-PB). Através do resgate da história de luta e resistência do movimento camponês paraibano em distintos períodos de secas, Luciano afirma que “são através dessas ações de mobilizações e manifestações sociais que os agricultores encontram oportunidades para a conquista de liberdade e autonomia na continuidade do modo de produção tradicional da agricultura familiar camponesa e agroecológica”. Apresentando no fim como desafio a necessidade de reconstruir a política de sementes como base para a construção de um novo modelo de desenvolvimento.
Durante o debate alguns agricultores e agricultoras se manifestaram de forma emocionante repudiando a forma como vem sendo construída a política de sementes dos governos estaduais e federais. Maria Roselice, representante do Polo Sindical da Borborema, com a voz trêmula e revoltada, disse sentir-se indignada com tal situação: “Me sinto revoltada com essa distribuição de sementes do governo, que se limita a distribuir apenas duas variedades, desconsiderando toda uma biodiversidade, todo conhecimento e riqueza que existe no estado. É da gente sentir raiva! A vontade que dá quando a gente vê essa situação é de tocar fogo naqueles sacos de sementes!”.
Outro depoimento repleto de emoção foi o feito pelo Seu Joaquim Santana, agricultor do Polo da Borborema: “A Semente da Paixão é da Paixão porque é boa! É de qualidade e atende as nossas necessidades, por isso nos apaixonamos, pois ninguém se apaixona pelo que não presta! A gente sabe que o problema não são as sementes, mas as políticas que estão aí, que não atendem as necessidades dos agricultores. Temos que dizer “não” aos programas que só mudam os nomes, mas permanecem os mesmos”.
O encontro tem sido um momento muito importante participação de agricultores, através de suas denúncias e questionamentos representantes da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agrário e Pecuária (Sedap), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Emater, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e INCRA estão sendo convidados a discutir sobre os métodos e propostas adotadas pelo governo.
A programação do encontro segue com a apresentação dos resultados quantitativos e qualitativos do estudo desenvolvido pela Articulação do Semiárido Paraibano (ASA – Paraíba) e a Embrapa Tabuleiros Costeiros, apoiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a participação dos gestores públicos no debate sobre o papel das políticas públicas e a valorização da agrobiodiversidade como política de convivência com o semiárido.

Patrícia Ribeiro
Comunicadora Popular ASA-Patac

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