Anailde Pereira, do Sítio Veloso, no município de Casserengue, deu seu
depoimento no palco montado na concentração da marcha: “Fui vítima de violência,
eu e meus filhos convivemos sete anos com um homem violento, que me ameaçava de
morte e quebrava as coisas dentro de casa, até que eu não aguentei mais e tive
forças para sair e me separei dele”, contou. Anailde também falou sobre a
importância de momentos como o da Marcha pela Vida das Mulheres e pela
Agroecologia: “A marcha é uma forma da gente se expressar, da gente se unir,
quantas mulheres aqui já não passaram pelo que eu passei?”.
Um momento marcante durante o percurso foi o ato
público em memória das 25 mulheres assassinadas na Paraíba só neste ano. 25
cruzes brancas, contendo os nomes de cada uma das vítimas, simbolizaram a
indignação diante dos índices crescentes de violência contra a mulher. Uma
homenagem especial foi feita a artesã da cidade de Esperança que produzia
bonecas, conhecida como “Menininha”, brutalmente assassinada pelo marido em
2002. O momento foi encerrado com um grande “apitaço”, como forma de denunciar e
exigir novas posturas diante da violência e políticas públicas que protejam a
vida das mulheres e valorizem a sua contribuição na construção da agricultura
familiar de base agroecológica.
A marcha seguiu pelas ruas centrais da cidade com cânticos, aplausos e
palavras de ordem. Segurando bandeiras, estandartes e faixas, as trabalhadoras
rurais distribuíram panfletos e dialogaram com a população sobre o significado
de marchar em um dia de luta como deve ser o 08 de março. Maria do Céu Silva, do
Sindicato de Trabalhadores Rurais de Solânea, fez uma avaliação positiva da
marcha em 2012: “tenho certeza de que todas as mulheres vão voltar pra casa se
sentindo com mais forças pra lutar pelos nossos direitos, a continuar a marcha
pelos nossos sindicatos, pelas nossas associações, a ideia da marcha é
justamente essa”, disse.
Ao final do evento as participantes puderam visitar uma
feira montada na Praça da Cultura com a exposição dos produtos do trabalho das
mulheres da região. Também houve a apresentação musical das “Três Ceguinhas de
Campina Grande”, que com seus ganzás, animaram os momentos finais da marcha. No
ato de encerramento, as agricultoras de todas as caravanas selaram compromisso
de voltarem para suas cidades com esperanças e energias renovadas para
construírem seus caminhos de superação das desigualdades entre homens e
mulheres.
A Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia é organizada pelo Polo
Sindical e das Organizações da Agricultura Familiar da Borborema – um fórum de
sindicatos e organizações da agricultura familiar que articula 15 municípios e
mais de 5 mil famílias do Agreste da Borborema com a assessoria da AS-PTA
Agroecologia e Agricultura Familiar.
Fonte: Polo Sindical da Borborema
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