Com o objetivo de fortalecer os processos de formação política-organizativa de lideranças, o Coletivo Regional realizou, durante os dias 13 e 14 deste mês, o primeiro Encontro de Formação das Organizações da Agricultura Familiar na Paraíba.
Cerca de 50 pessoas das regiões do Cariri, Seridó e Curimataú paraibano participaram do encontro. No primeiro momento o grupo construiu um mapeamento dos processos de transformação sofridos pela agricultura camponesa na região, através de um resgate da memória histórica coletiva.
Na atividade, foi identificado que desde a década de 60 o modelo de agricultura desenvolvido no Brasil tem atendido as especificidades e interesses exclusivamente do capital. A dita Revolução Verde impôs o surgimento do modelo agronegócio, latifundiário e de monocultura, que visa o lucro em detrimento da vida, do trabalho de homens e mulheres camponeses, dos recursos naturais, do patrimônio genético, da cultura e dos saberes do povo brasileiro.
Neste modelo, o agronegócio, o deserto verde, a monocultura, o uso de agrotóxicos e transgênicos, até hoje continuam expulsando famílias agricultoras de suas comunidades de origem, destruindo gradativamente o patrimônio genético e cultural preservado por esses grupos ao longo da história.
Ao mesmo tempo, os participantes puderam reafirmar várias conquistas alcançadas pela luta e resistência dos trabalhadores e trabalhadoras camponeses desde o período da ditadura militar. Identificaram o surgimento de diversos movimentos de resistência no decorrer da história de luta, como o caso das ligas camponesas, o Movimento Sem Terra, a ASA Paraíba e a ASA Brasil, dentre outras organizações criadas no sentido de se contrapor ao fortalecimento do modelo de desenvolvimento capitalista latifundiário.
Esses movimentos e articulações lutam em defesa de um novo modelo de agricultura mais justo, com base na agroecologia, na diversificação da produção, com investimento em tecnologias adaptadas à realidade dos agricultores, buscando a valorização da vida acima do lucro, com água, terra, saúde, cultura e relações sociais mais igualitárias.
Durante o encontro, também foi realizado o lançamento do vídeo “O veneno está na mesa”. O documentário, que faz parte da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, apresenta os danos causados à saúde de trabalhadores e consumidores do Brasil devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos na produção de alimentos.
Silvio Tendler, diretor do documentário, utiliza uma linguagem clara e direta para denunciar à população brasileira os principais interessados em manter essa prática degradadora: as multinacionais como Monsanto, Syngenta/Astra Zeneca/Novarti, Dow, Bayer, Basf e Dupont, que juntas controlam mais de 70% do mercado de agrotóxico no país, movimentando mais de R$ 15 bilhões a cada ano.
Por fim, após assistirem ao vídeo, o grupo discutiu com mais profundidade as informações apresentadas percebendo assim a necessidade de reforçar ainda mais os modelos de agricultura que de fato se contraponha à lógica de produção e consumo do sistema capitalista. Para o grupo, além de denunciar o uso de agrotóxico, é preciso estar atento aos interesses da produção de alimentos em larga escala que é diferente do interesse da produção agroecológica que é satisfazer a necessidade alimentar de qualidade das pessoas.
Patrícia Ribeiro
Comunicadora popular da ASA
Comunicadora popular da ASA
18/10/2011
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