10 de agosto de 2011

Conterrâneas de Margarida Alves se preparam para a Marcha das Margaridas 2011


Patrícia Ribeiro - comunicadora popular da ASA Campina Grande - PB
10/08/2011

Com o lema “2011 razões para marchar por: desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade”, a 4ª edição da Marcha das Margaridas reunirá mais de 100 mil mulheres do campo, da cidade e da floresta de todo o país, durante os dias 16 e 17 de agosto em Brasília (DF).

A marcha acontece desde 2000, quando foi realizada pela primeira vez durante o governo FHC, como uma ação nacional de denúncia ao projeto neoliberal implementado naquele período. Desde então vem se afirmando como um importante espaço de luta onde mulheres camponesas de todo país reivindicam a superação da desigualdade, da injustiça, da miséria e da violência contra as mulheres.

O nome da marcha faz referência à trabalhadora rural e líder sindical Margarida Maria Alves. Uma paraibana que dedicou sua vida à luta pela reforma agrária, se destacando numa pequena cidade do Brejo do estado. Num período onde a participação das mulheres era fortemente reprimida, Margarida ocupou durante 12 anos a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande (PB). Sendo brutalmente assassinada em 12 de agosto de 1983, por mexer com os interesses de usineiros da região.

É nesse mesmo estado (Paraíba) que o Coletivo de Mulheres do Campo e da Cidade vem, desde o início do ano, realizando seminários, reuniões e atividades diversas, como preparação das margaridas paraibanas que participarão da marcha 2011.

A expectativa entre as mulheres é contagiante. Além da preparação intelectual com a formação política sobre os eixos temáticos da marcha, as margaridas paraibanas se preparam com a confecção de camisas, faixas, painéis, decorando tudo com muitas flores, cores, chitas, sisais, palhas, amor e alegria. O lilás feminista está sempre presente fazendo uma bela combinação com os sorrisos dessas mulheres fortes, resistentes e guerreiras do nordeste brasileiro.

Lúcia Felix, do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR), é uma das agricultoras artesãs do grupo. Ela confeccionou diversos painéis com bonecas de tecido colorido, todos os detalhes foram cuidadosamente confeccionados pela artesã, que teve o cuidado de pensar também em temas como à biodiversidade e a campanha nacional contra o uso de agrotóxico.

“Eu fiz um painel com as guardiãs da biodiversidade, umas mulheres plantando, colhendo, fazendo doce, colhendo frutas e plantas medicinais e senti um prazer muito grande quando tava fazendo, apesar de dar muito trabalho porque tinha coisa muito miudinha. Eu espero que dê tudo certo e que nossas reivindicações sejam atendidas, que as leis que existem sejam cumpridas, que já existem muitas coisas boas na lei, mas que não são cumpridas. Existe muita violência com as trabalhadoras rurais, a gente quer que as leis sejam cumpridas”, ressaltou a agricultora.

O Coletivo das Mulheres do Campo e da Cidade existe desde 2009 e é formado por diversas organizações e movimentos sociais da Paraíba, tais como: Articulação do Semi-Árido Paraibano (ASA-PB), Consulta Popular, Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande, Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Centro de Ação Cultural (CENTRAC), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Centro da Mulher 8 de Março (CM8M), CEOP, Cunhã – Coletivo Feminista, Flor e Flor, Grupo de Estudos de Gênero Flor e Flor da UEPB, Grupo de Mulheres Maria Quitéria, Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste (MMTR-NE) e Pólo Sindical da Borborema.

Em 2011 a Marcha tem os seguintes objetivos:

- Denunciar e protestar contra a fome, a pobreza e todas as formas de violência, exploração, discriminação e dominação e avançar na construção da igualdade para as mulheres;
- Atuar para que as mulheres do campo e da floresta sejam protagonistas de um novo processo de desenvolvimento rural voltado para a sustentabilidade da vida humana e do meio ambiente;
- Dar visibilidade e reconhecimento à contribuição econômica, política e social das mulheres no processo de desenvolvimento rural;
- Contribuir para a organização, mobilização e formação das mulheres do campo e da floresta;
- Propor e negociar políticas públicas para as mulheres do campo e da floresta.

EIXOS TEMÁTICOS - Plataforma política 2011:

- Biodiversidade e democratização dos recursos naturais - bens comuns
- Terra, água e agroecologia
- Soberania e segurança alimentar e nutricional
- Autonomia econômica, trabalho, emprego e renda
- Saúde pública e direitos reprodutivos
- Educação não sexista, sexualidade e violência
- Democracia, poder e participação política

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