15 de junho de 2011

Agricultura familiar do Brasil é modelo de desenvolvimento para Cuba

As ações de desenvolvimento de um novo modelo de agricultura, baseado na organização e produção agroecológica de famílias camponesas, tornam-se referência para países como Cuba que busca o equilíbrio entre o desenvolvimento social e o crescimento econômico da nação. Essa reflexão, feita pelos representantes do Ministério de Agricultura Cubano e de segmentos ligados à produção agrícola do país, foi reforçada depois da visita às experiências desenvolvidas pela Articulação do Semi-árido (ASA) na Paraíba.

Para a diretora do Departamento de Recursos Humanos do Ministério da Agricultura de Cuba, Adriana Bellester , durante a semana de intercâmbio, foram identificadas seis linhas temáticas que apontam para um dos principais interesses de Cuba, o desenvolvimento de sua soberania alimentar: produção e conservação dos alimentos agroecológicos; comercialização; a gestão da economia familiar; o manejo e conservação dos recursos naturais; participação social das organizações sociais, associações comunitárias e sindicatos e as ações de políticas públicas.

A coordenadora nacional do Programa de Apoio Local e Modernização da Agropecuária de Cuba (Palma), Aymara Hernandez, afirmou que este intercâmbio é essencial para a implementação do Palma, o qual tem como objetivo a fomentação e modernização da agricultura familiar em 37 províncias de Cuba, garantindo, assim, a segurança e soberania alimentar do país.

Atualmente, o governo Cubano importa 80% dos alimentos que são consumidos no país. Essas importações têm resultado num forte impacto negativo para a economia.

Durante a semana, o grupo participou de diversas reuniões com grupos comunitários, famílias agricultoras, organizações sociais e representantes políticos. Nessas atividades, conheceram em detalhes os projetos, mecanismo e métodos de gestão e como as políticas públicas são desenvolvidas pelos governos federal e estadual tanto no campo da agricultura familiar agroecológica, quanto no campo de apoio e incentivo à convivência com o Semiárido.

Entre as políticas públicas que eles conheceram o funcionamento, destaca-se a lei que estimula a compra pelo governo estadual das sementes produzidas pelas próprias famílias agricultoras para distribuição para outras famílias.

Ainda na área das Políticas Públicas, o grupo ressaltou a experiência de acesso a mercado, com o sistema de feiras agroecológicas que está sendo implementado na região, as iniciativas de comercialização local e comunitária, os programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que garante que 30% dos alimentos da merenda escolar e de entidades públicas sejam adquiridos dos agricultores familiares.

Além disso, a delegação ressaltou o valor do trabalho desenvolvido com relação aos recursos hídricos, como os programas de acesso à água (P1+2 e P1MC), desenvolvidos pela ASA, uma articulação que reúne mais de mil organizações da sociedade civil.

A delegação ficou encantada com as diversas experiências de famílias camponesas com relação ao uso das tecnologias para armazenamento e aproveitamento da água. Atualmente, a escassez de água é um dos principais problemas para ilha, devido às circunstancias de sua geografia e as inconstâncias climáticas que o país enfrenta. Eles utilizam geralmente equipamentos de dessalinização da água salobra e salgada, mesmo com 91% da população tendo acesso à água potável, uma seca recente vem causando sérios problemas no seu fornecimento.

Outro aspecto muito ressaltado pelo grupo diz respeito à equidade de gênero. As três mulheres integrantes da delegação afirmam que esta é ainda uma fragilidade em Cuba, percebem a necessidade de desenvolver ações, como as presenciadas aqui no Brasil, que possibilitem a visualização e o reconhecimento do papel das mulheres no desenvolvimento produtivo do país.

Antes da viagem de retorno, a delegação, juntamente com representantes da ASA-PB e ASA Brasil, Maria da Glória Araújo e Luciano Marçal da Silveira, participaram de uma reunião com o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, e o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, Marenilson Batista. Nesta reunião, foram discutidas questões relacionadas ao trabalho da secretaria junto aos órgãos públicos de assistência técnica e agropecuária e, em especial, os projetos que estão sendo desenvolvidos pelo governo com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da agricultura familiar no estado.

Patrícia Ribeiro
Comunicadora Popular
ASA - Patac

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