10 de março de 2011

Projeto incentiva participação de mulheres e jovens na agricultura

(Reportagem sobre o PATAC, publicada na edição deste domingo (06/03) no Jornal da Paraíba)
Por: Alberto Simplício
Fazer com que as mulheres agricultoras se tornem economicamente ativas e que os jovens possam dar seguimento a atividade que é explorada pelas suas famílias tem sido um dos objetivos do Patac, Organização Não Governamental sediada em Campina Grande. A ONG, que trabalha na perspetiva de desenvolver a segurança e a soberania alimentar dos agricultores de dez municípios do semiárido paraibano,  tem prestado um serviço às comunidades e ajudado as famílias camponesas a descobrirem novas formas de se relacionarem com a natureza.

Através de parcerias com outras organizações do poder público e da sociedade civil é prestado assistência a cerca de três mil famílias dos municípios de Cubati, São Vicente, Pocinhos, Pedra Lavrada, Juazeirinho, Soledade, São André, São Vicente, Gurjão e São João do Cariri. Nos últimos anos, elas estão aprendendo a se adaptar melhor às condições adversas do clima da região, que as vinham afastando do trabalho rural. O resultado tem sido o florescimento da agroecologia e o crescente interesse das famílias em proverem o seu sustento, a partir do aproveitamento da terra, que sempre existiu, mas  era subutilizada. A criação de animais também tem sido incentivada.
 
A viabilidade para a construção de cisternas, a valorização dos barreiros e dos poços de pedras para o armazenamento d’água, considerado o principal problema que afeta o semiárido tem ajudado nesse processo.
 
Nos últimos três, as comunidades ganharam condições para armazenarem aproximadamente 50 milhões de litros a mais de água, de acordo com informações repassadas pela ONG. Isso foi possível graças as parcerias que resultaram na construção de 1.072 cisternas de placa, dez barragens subterrâneas, 56 cisternas calçadão, 11 poços amazonas, entre outras tecnologias de armazenamento hídrico. “Com a água, a agricultura começou a ser melhor explorada pelas famílias. A maioria das mulheres hoje possuem pomares e hortas no quintal de suas casas, garantindo assim a subsistência da família”, disse um dos coordenadores do Patac, Antônio Carlos Pires.

Por não estar focada na produção comercial, os ganhos reais obtidos pela agricultura familiar são difíceis de serem mencionados. O principal ganho na verdade é a garantia de que as famílias estão tendo sua segurança alimentar e assegurando melhores condições de vida.
No que se refere a comercialização, os dados fornecidos pelo Patac revelam  que no ano passado a produção de cinco município onde o trabalho está mais consolidado conseguiu faturar uma média de R$ 33 mil no ano passado.

Os agricultores de Pedra Lavrada, no Curimataú, por exemplo, conseguiram  mais de R$ 10 mil em produtos e os de Juazeirinho quase R$ 8,5 mil. Os outros municípios que também se destacaram foram Soledade, Santo André e Cubati.
 
Antônio Carlos, diz que a partir dos resultados as mulheres passaram a se interessar mais pelas atividades rurais e se envolvem na produção de doces, hortaliças, ervas medicinas e na criação de galinhas. “Elas hoje não mais esperam que seus maridos sejam os únicos responsáveis pela manutenção do lar. Isso foi possível graças as reuniões comunitárias realizadas e a consciência desenvolvida de que dá para  viver no semiárido”, completou.
A agricultura camponesa tem sido incentivada também através da criação da bodega agroecológica, localizada no município de Soledade, responsável pelo escoamento de alguns produtos como polpa, queijo, biscoitos e doce. Em 2010 foram vendidos, por exemplo, 9.000 quilos de polpa, mil quilos de doce, 2.000 quilos de jerimum. Grande parte da produção não chega a bodega e é comercializada com o poder público, que utiliza os alimentos na merenda escolar, por exemplo. (AS)

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